sábado, 25 de setembro de 2010




O bobo da corte morreu.  
O rei, no alto da sua realeza,  
No posto mais belo do mundo;  
Com toda a satisfação que dele deriva;  
E com todos os bens que podiam pertencer-lhe  
Ficou sem divertimento.  
Sem os ruídos e agitações,  
Que o desviava pensar na sua natureza;  
Que o alegrava e o impedia de refletir sobre si mesmo,  
E sem divertimento - surgiu a sua condição humana.  
O rei começou a pensar em doenças que podiam atacá-lo;  
As revoltas que poderiam surgir;  
E na morte certeira.  
E o seu instinto secreto pressionava para buscar ocupações exteriores.  
E um alento o avisava que o descanso está na serenidade e não no mausoléu.  
E esses instintos contrários formaram-lhe um intento confuso.  
Longe de sua vista, a alma o levava procurar conforto pela agitação.  
E vencer obstáculos para chegar à felicidade;  
E superado o empecilho o repouso tornou-se insuportável.  
Pois percebia naturalmente a sua humanidade.  
E a sua humanidade era aflição;  
Por isso evitava o sossego,  
E tudo fazia para procurar o tumulto;  
E após a animação vem o despertar.  
E então, eis um rei infeliz.  
Mais desgraçado que seu mais humilde súdito.  
 
O rei caça pela diversão,  
O súdito para comer.  
O rei admira a pintura pela semelhança com elementos do mundo;  
O súdito admira os originais no mundo.  
E nessa inconstância, tédio e inquietação;  
O rei morreu de desânimo  
Enquanto o súdito assoviava uma valsa.  
 
A rainha proclamou um édito  
Sentenciando culpa ao bobo da corte.


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